Olhai os Lírios do Campo (1938) — Érico Veríssimo

Douglas
1 min readFeb 15, 2023

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“Adeus. Sempre aborreci as cartas de romance que terminavam de modo patético. Mas permite que eu escreva.
Tua para a eternidade.
Olívia.”

Érico foi capaz de compreender e expressar de modo preciso os sentimentos mais subjetivos e particulares do ser humano. Me reconheci em suas descrições, me vi em cada um dos personagens. Não porque eu seja como eles, não porque eu tenha agido em algum momento como eles, mas, porque, de um modo inexplicável, os personagens de Érico são íntimos.

Como não me reconhecer no que leio se vejo refletido ali os meus sentimentos? Não os sentimentos que externalizo, que vocalizo, mas os que são meus e só meus, os quais não possuem nomes e nem forma. Únicos, enclausurados, lá, bem lá, no meu mais subjetivo ser.

Me impressiona a sutileza do desenrolar da história, como cada frase de modo natural se encontra com a próxima, nunca deixando o nó desatar. É um livro de memórias mas também do presente, e sem indicadores claros — além da fonte que as vezes se altera — você sabe exatamente quando se está diante de uma memória ou não. Você a sente, você sente a nostalgia ou a angústia de Eugênio, seus amargores ao relembrar certos momentos.

A falta também está lá. Falta alguém, falta algo, falta sentimento, falta a gente. Sentir falta de si talvez seja o primeiro passo pra se achar. Eugênio se achou, espero que eu também.

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Written by Douglas

A revolução, como possessão do homem que lança sua vida rumo a uma ideia, é o mais alto astral do misticismo.