Fumaça.

Douglas
2 min readMar 27, 2021

Vejo os dias passar como observo as cinzas dos meus cigarros. Quando criança eu pensava “como um adulto pode ser tão burro a ponto de usar algo que ele sabe que vai lhe matar aos poucos?”, hoje eu sei a resposta. Todos os dias eu busco, buscamos, amortecimentos do inevitável sofrimento, da morbidade que é viver sob o flagelo capitalista. Drogas, sexo, música, álcool, cigarros, festas, bares, sebos, lojas, sites, animais e humanos.

Se eu te contar que entre o inferno e o céu não há diferenças, vai acreditar? Eu quero o mesmo que você, quero ser eu mesmo. Isso significa se perder e se encontrar tantas vezes que talvez você nunca saiba dizer o que é ser você. Palavras não são suficientes, nunca são, é por isso que eu escrevo. Noite e dia se misturam em uma massa esfarelada sem face, cheiro e nem sabor.

Não falo aqui da morte, não, isso é tão démodé. Queria ser cool, ser popular, usar brinco, tatuagens pelo corpo e um nome que seja citado. Criança frustada que viu filme demais…

Eu gosto da cor rosa, as vezes digo que ela é minha cor favorita, as vezes o preto. Nunca consegui ter um filme favorito, sempre que me perguntam me da um branco, nunca fui fã de banda nenhuma, nem tive um poster do 1D no meu quarto. Acho que minha adolescência foi incompleta.

Sempre fui crítico demais, comigo e com aqueles ao meu redor, eu sei das minhas falhas e se hoje não tenho grandes amigos, sei que sou um enorme culpado, fui rude e duro com eles tantas vezes, é justo, eu não iria querer estar por perto também. Sinto saudades.

Eu escrevo há tanto tempo que não me lembro a primeira vez que escrevi um poema, minha antiga companheira sempre me incentivou a fazer isso, contar a vocês o que escrevi. Talvez se ela soubesse quantas vezes foi minha inspiração tivesse ficado com vergonha e incentivado menos, eu acho que é por isso que não apareci por aqui antes. Mas compreendi, há sempre alguém que nos inspira, as vezes é o outro, outras somos nós mesmos.

Se você chegou aqui deve estar pensando em como esse texto não tem nexo, é desconecto da realidade, e tem razão. Esses são bilhetes dos meus pensamentos que juntei nesses espaços em branco. Uns por teimosia, outros por ternura.

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Douglas

A revolução, como possessão do homem que lança sua vida rumo a uma ideia, é o mais alto astral do misticismo.